domingo, 18 de dezembro de 2016

1001 noites de pesadelo - Real

-Romeu! - Gritei ao deixar que o rio tirasse o garoto dos meus braços. Eu já estava quase morta quando chegamos na beira do rio e, agora, isso.
Corri e nadei atrás dele naquilo que parecia ser lama e sangue. o menino se debatia enquanto gritava meu nome. Sabia que ele, assim como eu, sentia que as trevas estavam nos perseguindo novamente. Com as últimas forças que tinha, consegui alcançá-lo e o levei até a outra margem.
Me ajoelhei na terra molhada e chorei; eles vão pegá-lo novamente! Eu não aguento mais isso! Então ouvi um som incomum nesse mundo-o despertador estava me tirando daquele pesadelo.
Finalmente voltei; estava em minha cama novamente. contudo, algo estava errado, os calafrios vinham como um aviso. Levantei e olhei ao redor-tudo normal. Tomei café e fui para a sala ler algo. A campainha tocou e senti meu corpo estremecer completamente, pois eu sabia quem estava lá fora e que era uma péssima notícia.
Abri a porta lentamente e meu medo estava lá, em carne e osso; me olhando inocentemente e nada surpreso. Romeu. 
-Oi! - Ele me abraçou e logo entrou em casa.
-Q...quem é você? - Tentei fingir que aquilo não estava acontecendo.
-Romeu, oras. - O garoto me olhou intrigado. -Você me deu esse nome, não lembra?
"Isso não está acontecendo. Isso não está acontecendo." Eu tentava me convencer de que nada daquilo era real.
-Claro que está acontecendo! Eu estou aqui! - Ele gritou com raiva e tristeza. As lágrimas escorreram pelo seu rosto. - Tia, você é a única que pode me ajudar.
Nesse momento, me joguei na cadeira mais próxima e o turbilhão de perguntas começou: Quem é esse garoto? O que ele quer? O que o está perseguindo? A culpa daquela piada tosca que os monstros fazem quando o levam é minha?
-Eu vim aqui pra...você sabe...corremos perigo.
-Perigo... - Repeti automaticamente.
-Sim. - Ele chegou bem perto de mim para sussurrar - As trevas estão atrás de nós dois.
-Não. Isso é loucura! Eu devo estar sonhando ainda... 
-Não eram sonhos. Estávamos em outras dimensões. - Ele me olhava sério quando as luzes começaram a piscar. - Vamos! Estamos correndo perigo.
Romeu me puxou pela mão até o quarto e jogou minha mochila na cama.
-Vamos! Não temos muito tempo! 
Instantaneamente joguei minha coisas mais básicas lá dentro e, logo depois, estávamos da garagem.
-Espera, e a minha família?
-Eles vão ficar bem. Temos que ir logo!
Entramos no carro, eu o liguei e saímos sem destino. "Depois eu mando uma mensagem pra eles." eu pensava "E agora? Onde vamos?"
-Uma lanchonete. estou com fome.
-Tá... - Só então me toquei - Você consegue ler meus pensamentos?!
-Sim.- Ele olhava a rua - Foi como você me conheceu e eu te treinei.
-Então, aqueles pesadelos?
-Sim.
-Tá... - Aquilo ainda parecia loucura demais pra mim.
-Você não está louca...eu estou aqui.
-Dá pra parar?!
-Desculpa, tia...
-E essa mania de me chamar de tia? - Disse, brincando.
-Mas você é mesmo minha tia...
-Ok. - Respirei fundo -Quando chegarmos à lanchonete você vai me contar tudo o que é isso.
-Não precisa. - Romeu me olhou nos olhos e, em um milésimo de segundos, tudo o que aquela criança viveu-de sorrisos a medos- estava em minha cabeça. Fiquei em choque por algum tempo e só depois pude entender o porquê de estarmos ali.
-Ok, Romeu. Vamos nessa!

Br-03 e o resto da população mundial - O amanhecer da nova era

Senti minhas pernas bambearem; depois apaguei.
...
Acordei em uma maçã no lugar menos higiênico que já tive o desprazer de estar. Percebi que estava com cordas em minhas mãos e pés; além de um balão de oxigênio ligado às minhas narinas. Apesar do fato de eu estar em pânico, não tinha motivo para me agitar; então esperei alguém aparecer.
-Oi, você acordou!- Uma menininha entrou na sala. Ela pulava ao meu redor com uma boneca de plástico nas mãos - Vou chamar o pessoal.
Ela saiu e, dali a pouco, chegaram alguns adultos naquela sala.
-Levante. - Um cara me disse e começou a tirar as cordas dos meus pulsos. -Já passou muito tempo deitado.
Me sentei na cama e respirei fundo; tentei não fazer movimentos bruscos ou revelar o medo que sentia. Tinha tantas perguntas: Como vim parar aqui? Qual o motivo? Onde está minha família?
-Se acalme. Sei que pode parecer estranho acordar no meio de gente que você nem conhece...
-Eu quero uma explicação! - O autocontrole que eu tinha não conseguia mais suprimir meu medo. Os adultos se entreolharam.
-É melhor você se alimentar primeiro...
...
Desde a ECO-92, a Agenda-21 foi estabelecida no mundo todo; contudo, a chance de que ela não fosse seguida por muitos países era grande. Então, um acordo secreto foi criado entre países emergentes e um grupo foi formado, o BRICS.
O acordo consistia em criar colônias de sobrevivência para o caso de não conseguirem parar o uso indiscriminado dos recursos naturais da Terra.
O segundo boom econômico veio com a criação e o uso das nanotecnologias; isso tornou a produção mais rápida e dificultou o acordo entre os países, principalmente por parte dos desenvolvidos.
Enquanto a Agenda-21 parecia algo cada vez mais distante, os BRICS avançavam nas transações de tecnologias e serviços; além de investirem nas colônias de sobrevivência. Apesar de todo o esforço, não conseguiram fazer com que esses locais fossem autossuficientes; elas só durariam o tempo necessário para que as plantas cultivadas pudessem repor a porcentagem normal de oxigênio no mundo.
Então os recursos foram baixando até que chegaram a um estado crítico e as pessoas começaram a adoecer; isso durou meses e manifestações aconteciam em todo o mundo.
A população das colônias tinha sido escolhida e já operava quando o nível de oxigênio ficou tão baixo que os seres vivos dependentes dele simplesmente desmaiaram e morreram. Assim, as portas foram fechadas; livrando somente os escolhidos sobreviverem.
...
Vomitei tudo o que comi no jantar. Era inacreditável.
-E eu?! Qual o motivo de estar aqui?
-Você estava do lado de fora da cápsula e te vimos desmaiar; mas não podia nos ver. Te trouxemos para dentro e cuidamos dos problemas causados pela falta de oxigênio. - Um soldado narrava como se fosse uma explicação para seu superior.
-E minha família?! Meus amigos?!
-Talvez estejam todos mortos. - Ele disse me olhando com pena. A comida revirava em meu estômago e não deixou que eu respondesse a ele saindo como uma cachoeira. 
-Levem ele ao centro médico. - O soldado ordenou. Então senti uma picada e apaguei novamente.

1001 noites de pesadelo - Anormal

Corríamos escada acima; não podia ver o início nem o final desta, mas sabia que eles estavam perto.
-Romeu!- O garoto já não conseguia correr, então o levei no colo.
Finalmente chegamos ao último andar, no qual todos estavam apreensivos. 
-Vá! -Empurrei Romeu para dentro do auditório, mas ele se agarrou a mim. -Não tenha medo. Eu irei te proteger...
Ele me olhou confiante e marchou para dentro da sala.
Fiquei bem na frente das portas de vidro; tinha certeza que Romeu podia me ver tanto quanto todas as outras 20 crianças lá dentro. Eu estava pensando em coisas boas que fiz com aquele garoto - nossas idas ao bosque, à praça... quando ouvimos o estrondo. A pressão exercida contra os corpos fora do auditório fez órgãos e ossos ficarem esmigalhados, assim como as portas de vidro. 
Pude sentir o sangue que tomava conta de meus pulmões, mas a visão turva me dava a certeza de que desmaiaria antes de morrer sufocada. Porém, eu lutava contra isso. Romeu precisava de mim e eu não conseguia nem respirar. Vi quando alguém saiu puxando o garoto pela escada e o levou para algum lugar; então, apaguei.
...
Acordei na minha cada. Estava suada, com dores e me sentia a pessoa mais impotente do mundo.

1001 noites de pesadelo - Terceiro pesadelo

Eu o segurei pelo pescoço e o puxei para dentro do elevador. Aquilo começara na festa dele de aniversário. O mágico simplesmente enlouqueceu no meio do show, as luzes apagaram e, ao voltarem, todos tinham sumido. Corri para o elevador com Romeu e ví quando o mágico vinha chegando. 
Caímos no chão do elevador e a porta deste se fechou quando o mágico estava a alguns metros; sua roupa era suja e seu rosto mostrava uma ira sobrenatural. Segurei aquela criança em meus braços enquanto o elevador se movimentava. De repente parou e a porta abriu, estávamos no estacionamento do prédio. Corri com Romeu nos braços o mais rápido e o mais longe que pude; olhei em volta e percebi que não havia saída alguma. As luzes piscaram e pude ver aquelas coisas vindo lentamente dos cantos do estacionamento; só então percebi que o mago era um necromante. Corri de volta para o elevador, mas não conseguia levar Romeu no colo novamente. Então deixei que ele corresse na minha frente por um tempo, depois o carreguei; sabia que com seus pequenos passos não seria capaz de escapar daqueles monstros. 
Sentamos no chão do elevador e deixamos este subir até o último andar; estávamos cansados e assustados. Olhei para o garoto e tirei o cabelo de seu rosto, ele estava vermelho e ofegante; sorri pra ele e Romeu devolveu o sorriso, tão puro e lindo que eu simplesmente não entendia o porquê daquilo estar acontecendo.
A porta do elevador abriu e eu pude ver o sorriso demoníaco do necromante. Procurei o braço de Romeu em vão e senti mãos fortes e geladas me segurarem. Ao me virar, pude ver o garoto desacordado ao meu lado; o mago o pegou, o segurou no colo e se virou para ir embora. 
-NÃO!!- Gritei com todas as minhas forças.
-Eu tenho que levar o garoto.- Ele se virou para mim com aquele mesmo sorriso -Afinal, eu sou a Julieta e ele é o meu Romeu.
Acordei ofegante, me levantei rápido e liguei o abajur perto da minha cama. Aquele era o terceiro pesadelo em duas semanas; situações diferentes, mas o mesmo garoto -Romeu, alguém que eu nunca conheci. Como já estava quase na hora de ir para a escola, resolvi continuar acordada e escutar o barulho da chuva que caía.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Pequeno...
Pareces ser de porcelana 
Posso te quebrar só de olhar?
Pequeno...
Participar do teu dia era algo bom
Pena que agora pareces tão longe...
Pequeno...
Passa por aqui,
Para a correria,
Pensa em algo que podemos fazer juntos...
Pequeno...
Paradoxal nossa conexão, se posso falar assim
Parte risadas,
Parte sem falas.

Tec-Tec -Cap 5

Durante várias noites tive pesadelos. Era basicamente a mesma coisa: uma moça jogada no chão e, quando eu me abaixava para ver quem era, ela me segurava pelos ombros e sussurrada algo; depois eu acordava gritando e ela estava ao lado da minha cama com uma roupa preta ensanguentada; então eu piscava e ela sumia. Era horrível.
Em pouco tempo me senti desprotegida. Não conseguia mais dormir ou ir aos lugares sozinha. RI Ta sempre estava preocupada comigo; percebeu meu estado de ansiedade e nervosismo. Ela procurava sempre estar junto a mim.
Certo dia ela não pode ir comigo até o metrô, então ligou para Erick. Este me esperaria na estação.
-Vá logo. Ele está te esperando. - Ela sorriu para mim.
-Tudo bem. - Eu disse, retribuindo o sorriso. Fui andando rapidamente até a estação e, lá, encontrei Erick com algumas sacolas.
-Oi, tudo bem?
-Tudo sim. E contigo? - Eu ri - E essas sacolas?
-Ah, são algumas coisas que eu comprei. -Ele se sentou em um banco próximo. -Está com fome? Eu trouxe tortas.
-Tem de morango? - Já era tarde e fazia algum tempo desde minha última refeição
-Tem sim. - Ele tirou uma pequena sacola do meio das outras. Me senti meio envergonhada quando Erick me entregou a torta, que direito eu teria de comer aquilo?! -Coma, vai se sentir melhor.
-Ah, obrigada. - Me sentei ao lado dele e, ao pegar o garfo, senti aquele vento frio novamente.
Do outro lado dos trilhos, havia aquele espelho enorme e, como antes, via aquela sombra encostando em meu ombro. Ao olhar um pouco além de meu reflexo, percebi que Erick também via aquilo, boquiaberto, congelado, morrendo de medo. Tive a impressão de que o rapaz temia a sombra bem mais que eu.
Estávamos novamente na estação de trem; antiga e empoeirada, ela se levantava ao nosso redor. Nos trilhos, algo se movia; uma massa disforme fazia barulhos de ossos batendo no chão e se aproximando da beirada, logicamente, de mim e Erick. Não conseguia me mover, mesmo que o rapaz puxasse e empurrasse meu corpo gritando meu nome.
-Vamos! Vamos! - Ele me dizia. -Vem logo! -Erick me segurou pelo braço e saímos correndo. Corremos até os pés cansarem e as pernas do eram, mas a estação parecia sem fim; e o barulho dos ossos no chão continuava a poucos metros.
Sem aguentar mais, caí. Me Machuqueiras sem poder mais andar.
-Erick, me ajuda! - Mas senti as mãos meladas da massa disforme que nos perseguia agarrar meu calcanhar e ví os medos nos olhos do rapaz. Ele saiu correndo, me deixando sozinha com aquela criatura.
Virei para olhar o que agarrava meu pé e...era uma moça toda de branco, bem maquiada e muito bonita. Ela chegou cada vez mais perto e, por fim, me abraçou. Eu pisquei por um segundo e, ao abrir os olhos, me encontrei naquele banheiro imundo em que acordei; pude ver alguém carregando meu corpo para dentro do box. Levei um choque ao perceber que essa pessoa era Erick. Dali a pouco, entraram mais alguns rapazes, eu conhecia todos. Que raiva! O ódio que subiu em mim me fez soltar um grito estridente. Pisquei novamente e voltei para a estação de trem e a moça doce que me abraçava se transformou: sua pele era cinzenta, seus olhos tinham o vermelho do sangue; este também estava nas vestes negras e sujas em seu corpo, com ossos quebrados.
Ela sorriu de forma maquiavélica para mim, como quando se seduz alguém, e olho para frente.
-Meu Deus! -Erick gritava, totalmente histérico. A moça avançou nele e se jogou nos trilhos do trem. Um metrô passou por cima deles e eu percebi que tinha voltado à estação normal. Um alvoroço se formou perto dos trilhos e ao redor de mim. RI Ta estava lá; ela me levantou e me levou até um táxi. Lhe contei tudo o que ví.
-Não; isso ninguém mais viu. -Ela me olhava como se eu fosse desmaiar. -Vocês ficaram conversando por um tempo; depois ele te agarrou e ia te jogar nos trilhos do trem junto com ele. Sorte que você caiu e ele foi sozinho. -Ela respirou fundo. -A moça que você viu foi a tec-tec.
-Quem?! -Ri Ta me contou a história dela.
...
Poucos dias depois do que ocorreu na estação de metrô, recebi notícias do meu país de origem. Todas relatavam suicídios estranhos das pessoas que ví naquele dia, dentro do banheiro.

Dentro do meu quarto, ao me arrumar antes do trabalho, estava escovando o cabelo na frente do espelho e pude ver a sombra da tec-tec. Ela estava de branco; veio até mim e tocou meus cabelos. Sorri de volta. Ela virou fumaça branca e saiu pela janela, por onde entrava a luz do sol.

Tec-Tec - Cap 4

A festa no Centro Kokoro foi muito bonita e agradável. Algumas apresentações e bastante comida nortearam aquela tarde. RI Ta teve de ficar em casa; ela tem sérias complicações em certa época do mês. Voltei sozinha pelo metrô depois de arrumar algumas coisas da festa.
A estação não estava vazia, mas não tinha tantas pessoas quanto costumava neste horário. Sentei em um banco para esperar e pude ver um espelho do outro lado dos trilhos; abaixei a cabeça para amarrar os cabelos (coisa que RI Ta me ensinou) e, ao levantar, pude ver - no espelho - alguém totalmente de preto ao meu lado. Olhei em volta e não havia ninguém, bem as pessoas de antes.
Fiquei paralisada ao voltar e olhar para o espelho e ver que a pessoa movia o braço lentamente. Me perguntava o que era aquilo e o porquê de estar acontecendo comigo. Finalmente sua mão tocou meu ombro e eu senti um estranho conforto; era algo gelado, mas suave.

O metrô passou e, ao perder o contato visual com o espelho, voltaram as pessoas e o barulho normal da estação. Aquele era o que eu estava esperando; então andei lentamente até ele. Pude ver o espelho quando partíamos, mas não havia nada anormal lá.

Tec-Tec - Cap 3


Eu lecionava durante as tardes e ia embora cedo; contudo, certa sexta-feira tive que sair mais tarde por estar elaborando festa da escola sobre o aniversário da mesma. Ri Ta estava sempre me acompanhando; ela me considerava uma criança indefesa, mesmo sem saber do meu passado. Talvez isso tenha acontecido por causa da família que ela teve de deixar no interior do país.
-Vamos de metrô? - Perguntei ao sairmos da escola.
-Que tal comer algo antes de chegar em casa?
-Ah, sim. Minha barriga está roncando.
-Tem um restaurante aqui perto.
-Isso é bom. Vamos lá? - Eu estava realmente com fome. Conversamos durante o lanche. Ela disse que eu deveria sair mais e conhecer a cidade; concordei, mas disse que seria bom se não fosse sozinha. Ri Ta concordou em sair comigo nos fins de semana.
Quando acabamos, passamos em um supermercado para comprar alguns ingredientes para os doces e mais comida para a casa. Depois fomos pegar o metrô.
Na estação, senti frio e vento fortes e incomuns. Me vi sozinha, não mais naquela, mas em uma estação de trem antiga. Um destes trens passou rapidamente e me fez cair por estar tão perto dos trilhos. Ainda em choque, pude ver algo se mover perto de onde o trem havia passado. Ouvi alguém chamando meu nome, uma voz estranha. Uma mão tocou meu ombro e me tirou daquele pesadelo.
-Oi? Você está bem? - Ri Ta me chamava. Voltei àquela estação de metrô.
-Sim. - Eu estava ofegante - Só me lembrei de uma coisa.
- Tudo bem. Você pode me dizer se não estiver OK. - Eu ainda estava assustada e nervosa, mas notei o tom informal da moça (o que denunciava sua preocupação comigo).
-Eu estou vem, juro.
-Tá, vou acreditar em você. - Ela sorriu e entramos no transporte público.

Naquele dia não ví Erick; talvez ele estivesse trabalhando. Ri Ta dormiu em meu quarto e eu não tive pesadelos, como vinha acontecendo nas noites anteriores. Era o mesmo em todas as noites.

Tec-Tec - Cap 2

Um novo país, uma nova casa. Me transferi para uma escola primária como professora de língua portuguesa; os alunos precisam falar outras línguas fluentemente aqui e são ensinados boas maneiras em seus primeiros anos de escola. Lugar acolhedor o Centro de Ensino Kokoro. Meu lar era em uma dessas casas que as pessoas alugam suítes; uma casa grande, com com várias destas alugadas somente para mulheres. Havia uma casa ao lado, grande também, alugada somente para homens. Por trabalhar somente durante as tardes na escola; mas acordar cedo, comecei a vender doces para as mulheres da casa e para nossos vizinhos. Lucrava bastante com estes trabalhos e comprava coisas para a casa; já que vivíamos em comunidade e muitas coisas eram divididas. Ri Ta, uma típica japonesa do século XXI, me ajudava com os doces, além m de lecionar boas maneiras na mesma escola que eu, e era dividido o lucro das guloseimas.
...
Certo dia, um alvoroço se formou na casa ao lado e corri para lá; achei que algum acidente acontecerá, mas era só um novo morador. Erick era um velho amigo meu, conhecido da faculdade e, agora, morava na casa ao lado. Eu o reconheci pela voz.
-O que você faz aqui?- Ele me perguntou com o antigo sotaque paulista.
-Aconteceram coisas comigo que eu prefiro não comentar. Precisava de uma vida nova...
-E veio parar do outro lado do mundo?!- Ele riu da situação.
-Bem, foi. - Eu ri; já se passou muito tempo desde meu último sorriso.
-Que tal irmos a um restaurante mais tarde?
-Eu não conheço muito bem a cidade; acho eu não...
-Vamos, vai ser divertido. Chame Ri Ta, eu a conheço; talvez ela aceite ir também.
-Eu vou pensar. -Voltei para casa no mesmo instante. Eu estava nervosa, mas achava aquilo uma boa ideia. Falei com Ri Ta a respeito disso e ela disse que seria uma bom sair, pois eu estava bastante estressada. Ela ligou para Erick e marcou de sair naquela noite.
Fomos a um bom restaurante com Erick. Era vegetariano, mas não achei estranho; a comida era fantástica e conversamos bastante. Depois fomos à praça das cerejeiras; lugar lindo que, naquela época, estava florido. Me diverti bastante e fomos para casa cansados. Foi bom voltar a sair com outras pessoas e me divertir com elas; sentir alegria perto de um cara era algo que eu não fazia a muito tempo.
...
Me levantei da cama e fui até a geladeira para beber algo; no caminho, havia uma porta entreaberta com a luz acesa. Ao entrar para apagar a luz, pude ver uma moça jogada no chão. Me ajoelhei para socorrê-la, ela me agarrou pelos ombros e me chacoalhou. Acordei gritando e me debatendo. Ri Ta veio correndo para me ver; lhe expliquei o sonho e ela achou estranho.
-Vá dormir, querida. O dia hoje foi cheio.- Ela me abraçou- Vai ficar tudo vem; boa noite.
-Obrigada por vir me ver. Boa noite.

Passei algum tempo pensando naquele sonho/ pesadelo estranho, mas consegui dormir depois. Ao menos com isso não tenho problemas...

Tec-Tec - Prefácio e Cap 1


·      Prefácio
Há no Japão uma lenda que conta a história de uma garota que “caiu” nos trilhos de um trem e, depois de muito tempo agonizando, morreu cortada ao meio; dizem que ninguém a socorreu e, por isso, ela busca vingança. Poucos sabem que sua real história deriva de um estupro coletivo que ocorreu em uma estação de trem e, por não ter mais capacidade de sobreviver, a menina acabou sendo atirada aos trilhos pelos seus estupradores.
·      Primeiro capítulo
Acordei ainda tonta, imaginei o que teria acontecido na noite passada. Aos poucos fui percebendo que estava no chão de um banheiro imundo, toda ensanguentada e com roupas rasgadas. Me levantei devagar, uma dor estranha por dentro; então percebi o que aconteceu: eu havia sido abusada de forma violenta. Na hora, uma forte dor de cabeça me atingiu e eu caí novamente naquele chão imundo. As lágrimas que escorriam do meu rosto se misturavam com o sangue que, na pior das hipóteses, era meu. Que nojo eu senti de mim, do meu corpo, de quem quer que tenha feito aquilo. Que raiva! Talvez essa raiva tenha me impulsionado, talvez o resto de vida que eu tinha pela frente para me vingar; não sei, mas algo me deu forças para levantar, me cobrir com o resto de roupa que tinha em meu corpo e sair dali.
...

Depois de meses de processos contra meus supostos estupradores, eu estava desgastada e consumida por aquela terrível lembrança. Lapsos turvos de memória apareciam nas noites que eu passava sozinha em casa. As pessoas de minha cidade pareciam me julgar pelo acontecido; mesmo as que me conheciam não puderam compreender meu sofrimento. Decidi me mudar, um lugar distante, no qual ninguém me conhecia; fui para Tóquio.

Natasha - Cap 5

Ela sorria como se aquela fosse a melhor tarde da vida dela, mas todas as tardes eram assim; talvez ela possa sentir a alegria que sinto quando estou com ela. Natasha é um dos bebês mais lindos e saudáveis que já ví.
Doutor Roberto viria conosco para conhecer a creche na qual Natasha ficará enquanto trabalho, mas teve um imprevisto. Minha mãe veio comigo e, como não é de primeira viagem, se encarregou de ver todos os detalhes, se estava tudo nos conformes.
-Está tudo certo: o preço cabe no orçamento, as instalações são boas e os cuidadores bem treinados.
-Não sei. Ela nem tem a idade mínima...
-Tudo bem se você quer um tempo a mais com seu bebê.
-Boa tarde. - Uma moça elegante se dirigiu a mim. - Vocês vão matricular a...hm...
-Natasha. - Respondi.
-Natasha! Que nome bonito! - Disse fazendo carinho na cabeça de Nat. - Então, matrícula?
-Desculpe, mas ainda não me sinto segura para deixar meu bebê nas mãos de outras pessoas. Além de que ela não tem a idade mínima para estar aqui. - Respondi, apreensiva.
-Entendo. -Ela sorriu calorosamente. - Vocês querem café, suco ou água?
-Não, obrigada. Estamos indo já. Ainda temos que comprar um carrinho hoje. - Minha mãe disse, rindo. Ela adorava o fato de ter uma neta.

-Bem, então tenham um bom dia. - A moça nos guiou até a porta de entrada. É...eu realmente não estava pronta para deixar Natasha nas mãos de estranhos.

Natasha - Cap 4

Ela acariciava a barriga com aquela pequena pessoa dentro, chorava por saber que não poderia viver com ela; sim, era do sexo feminino.
-Venha comer, você precisa estar forte.
-Pra que? Não poderei ver meu bebê nascer...
-Mas ela sem forças e, provavelmente, morrerá se você não comer. -A enfermeira tentava convencer aquela pobre moça dia após dia. -E sua mãe; onde ela está?
-Ela vem amanhã; não pode vir todos os dias. - Suspirou - Preferia que eu tivesse abortado a passar pelo risco de perder a vida. Mesmo que seja uma operação muito complicada e que não possa viver com meu bebê...
-Você não poderia matar está criança, eu sei. -Suspirou também.
Após poucos meses a moça não estava mais lá e nem sinal de seu bebê. A enfermeira procurou saber um pouco mais sobre a história das duas, mas não conseguiu; as informações haviam sumido, era como se tudo não passasse de ilusão.

-Pobre bebê, onde estará você?

Natasha - Cap 3

-Nossa! Obrigada mesmo Doutor Roberto!-Érica saía da sala tão feliz que era possível ver seu sorriso mesmo de costas.
-Ah, minha pequena, você está em boas mãos...-Ele sussurrou quando já estava sozinho, lembrando do terrível erro que cometera.
Depois que sua esposa faleceu, Roberto era um homem sozinho e não se importava com isto até morgana ir trabalhar em sua empresa. Uma negra muito bonita: cabelos longos e encaracolados, olhos castanhos e enormes como petecas; ele não conseguiu se segurar e o romance com ela começou. Em alguns meses já viviam juntos, era tudo normal.
Certo dia, Roberto chegou em casa e não achou mais Morgana, somente um DVD em cima da cama e um bilhete "Desculpe, mas ainda não estou pronta para isso". Ele colocou o DVD para rodar, era uma ultrassonografia -Morgana estava grávida. Ele tentou encontrar a moça: ligou, foi ao antigo apartamento dela, mas não tinha vestígios dela.
Roberto ficou triste por meses; contratou uma nova secretária. Quando já tinha perdido as esperanças, ele recebeu uma carta da mãe de Morgana lhe jogando pragas por sua filha ter morrido no parto da criança e dizendo que deixaria está na porta de qualquer pessoa; junto tinha uma foto do bebê -uma menina. Roberto reconheceu que era o mesmo bebê das fotos que Ética levou a ele.

-Você está em boas mãos.

Natasha - Cap 2

-Mãe, conta como você me achou. - Natasha tinha um brilho no olhar, como sempre.
-Bem, eu ia saindo para uma aula na faculdade quando recebi a ligação da Sophia dizendo que os professoras estavam em greve. Marquei de ir no shopping com ela e, quando abri a porta...-Ela suspirou -Você estava lá, acordada dentro de uma caixa , só de fralda e com um pano para te proteger. Te peguei e você riu.
-Sério?
-Sim. -Érica já estava quase deixando cair as lágrimas. -Entramos em casa, te vesti com uma blusinha minha que serviu bem como um vestido em você. Depois fomos direto ao shopping; comprei algumas fraldas e aluguei um carrinho de bebê. Tive que pedir ajuda a uma das mães do fraldário; nunca tinha trocado alguém, aprendi na prática. -Elas riram. -Sentei na praça de alimentação e esperei a Sophia.
-E como foi a cara dela?
-Sabes como ela é, ficou louça de amores por você. "Que linda, Érica!"- Ela imitou a amiga. -Depois de certo tempo, você começou a chorar de fome, compramos umas papinhas feitas. Sua avó estava por lá e se assustou ao me ver com um bebê. " O que foi? Gestação de 5minutos?!" ela se irritou no início, mas foi bastante compreensiva depois. Você é tão linda que ninguém poderia deixar de te amar. -Érica suspirou novamente. -Decidimos te adotar. Foi uma grande batalha durante meses por sua guarda. Tive esse tempo para me preparar para sua chegada...tivemos chá de bebê, recebi doações e algum apoio.
-Que legal, mamãe!
-Com a greve, pude organizar as coisas e minha agenda. Falei com meu chefe sobre a situação e ele entendeu. Doutor Roberto me deu até um aumento, na época eu era secretária; depois me tornei gerente do departamento. -Ela riu. -Seu berço era estilo Moisés: uma cesta com rodinhas muito fácil de usar e seguro. Bem, hora de dormir, amanhã te conto o resto.
-Poxa...- Natasha se cobriu com o lençol de borboletas que ganhou da avó. -Tudo bem. Boa noite, mãe. Te amo.

-Boa noite, querida. Também te amo. -Érica lhe deu um beijo na testa e foi para seu quarto.

Natasha - Cap 1

Ele entrou no prédio, podia perceber que era algo simples e os apartamentos eram pequenos. Somente um elevador, decidiu ir de escada; só iria até o quinto andar, mas praguejou ao chegar suado ao terceiro. Continuou subindo pelo elevador. Ao chegar na porta do apartamento, pensava no passado, na amizade deles, no jeito fofo dela e de como se afastaram. Hesitou, mas bateu na porta.
-Olá. Quem é você?- Uma garotinha negra de seus quatro anos estava no outro lado da porta.
-Ah, acho que bati na porta errada...
-Querida, quantas vezes já te disse para não falar com estranhos?
-Desculpa, mamãe. - A menina olhou para o chão claramente constrangida.
-Tudo bem. - Então ela olhou para a pessoa na porta. - Mateus?- Ela girou a cabeça para a esquerda, como sempre fazia antes.
-Oi, cheguei em uma hora ruim?
-Não, entre. - Eles sentaram no sofá da sala. -Nossa, quanto tempo faz que não nos vemos? Cinco anos?
-Eu acho. -Ele suspirou. -Você até já é mãe...
-É. Como estão as coisas?
-Bem, estou legal e está tudo bem. Mas fui despejado semana passada.
-Poxa, você retornou para a casa da sua mãe?
-Bem, acho que já vou, antes que seu marido chegue; ele pode pensar besteira se nos ver assim.
-Marido?! -Ela riu. -Eu não tenho marido.
-Mãe solteira?
-É. Natasha foi deixada em minha porta dentro de uma caixa a alguns anos. -Essas palavras fizeram Mateus cair no sofá novamente.
-E você a adotou?
-Sim. Estava na faculdade ainda, mas já trabalhava. Minha mãe me ajudou muito enquanto vivi na casa dela, e continua me ajudando. Me mudei para cá por querer mais espaço para minha filha, já que mamãe montou uma mini agência de administração em casa; depois de tanto tempo ela volta a trabalhar...
-Impressionante. E eu aqui reclamando da minha vida.
-Não tenho do que reclamar, somos felizes. Ah, a guarda dela é compartilhada; uma amiga minha se comoveu com a história e decidiu ajudar. -Ele, pela primeira vez, reparou na menina. Ela tinha cabelos encaracolados e olhos pretos enormes, estava com um rabo de cavalo e vestido florido; "Bem fofa" pensou. Já a mãe tinha cabelos castanhos longos e lisos, também rabo de cavalo; shorts e blusa sem manga; estava linda, como sempre.
-Isso é incrível; você e ela...- Ele sorriu.
-Sim, me conta como tem sido sua vida.

-Ah,...- E, assim, eles retomaram sua amizade.

Monstros - Cap 5

-Vem gatinho, vamos passear!
"Decidi mudar de lugar sempre que der. Hoje organizei algumas coisas e decidi me mandar daqui; o gato vem comigo, se tornou meu amigo."
-Fica aí dentro, tá?!
"Achei a casinha de viagem dele, o pequeno se sente seguro e confortável lá dentro.
Andei treinando manobras nesta pequena rua e acho que consigo dirigir um celta que achei por aqui. Claro que me precavi pegando comida e gasolina para dias a fio."

...

-Você é doido?!- Gritei de dentro do carro quando um garoto se atirou na minha frente.
-Um pouco. Agora posso entrar?!
-Não! Nem te conheço!- Tranquei as portas.
-Também não te conheço, mas você é minha única esperança de sair daqui. - Ele andou até minha porta. -Por favor. A comida acabou e eu estou sozinho aqui.
-Tá, mas espera um pouco. - Saí do carro com uma corda e amarrei as mãos dele bem firme - não queria mais problemas, e coloquei a casa do gato no banco de trás.
-É de estimação?- Ele perguntou tentando ser simpático.
-Não, você é de estimação. Ele é meu amigo.
-Nossa...
-Você é o novato aqui!- Olhei firme nos olhos dele. - Agora vamos. Senta do meu lado que eu quero ficar de olho em você.
-OK, OK. - Ele se jogou no banco do carro e puxou o cinto com as duas mãos. Me sentei e liguei o carro com uma cara emburrada.
-Desculpa por ter me jogado na frente do seu carro. -Ele tentava um tom bastante amigável.

-Tudo bem. Desculpado. -Eu ri. -Mas não pense que eu vou desamarrar suas mãos...me fale mais sobre você. -Ele me olhou desconfiado e eu ri. -Vamos, eu tenho que saber se posso confiar em você.

Monstros - Cap 4

"Eu estava procurando coisas úteis nas casas da vila quando várias criaturas passaram na rua. Corri para ver. Eles levavam algo em um saco grande. Como eu sempre estava com uma desert Eagle que achei, resolvi ver o que aconteceria.
Como as criaturas seguiam para o templo, andei pelos telhados das casas com cuidado para não fazer barulho. Dei um jeito de passar por uma janela aberta e observei por alguns instantes.
Certa hora, as criaturas começaram a emitir grunidos que entravam em harmonia e pulavam em volta do pacote. Eles tiraram algo de dentro que, apesar de estar bastante deformado, era uma pessoa desacordada. Então, cada monstro cravou profundamente os dentes naquele corpo e se afastaram.

A pessoa, que aparentava ser um homem, acordou atordoada. Este se debateu e urrou de dor; arrancava a própria pele, de onde parecia vir a origem de tanto sofrimento. A carne dele se rasgou e pude ver mais um monstro nascer."

Monstros - Cap 3

"Droga, agora peguei essa mania de escrever. Será um problema quando me atacarem. Já pensou?! Afinal, neste mundo tomado por monstros, quem sobre pra ler o que escrevo? Estou só? Vou enlouquecer?"
-Oi, gatinho! Não se jogue assim nas folhas! - Disse. Preciso de um nome pra esse gato... - Vem, vamos comer.
Fiz picadinho para vários dias, pois sabia que estávamos seguros naquela casinha.
"Ao chegar, não percebi, mas estava em uma pequena rua que acabava em um templo. Do início até o templo não tinha 100 metros; as casas eram pequenas também, mas altas. Era possível ver alguma bagunça de quando aqueles monstros atacaram, nada me assusta mais...
Outra coisa que percebi foi que os monstros só saem durante a noite. Será algum problema com o sol?! De qualquer forma, vou me beneficiar disso."

- Aqui, gatinho...

Monstros - Cap 2

Corri mais do que podia depois do barulho de uma explosão e acabei caindo. Estava no meio de uma pequena rua e, ao olhar para o prédio em que estava, pude ver o fogo se espalhando. Não era normal algo assim, pode ter sido uma daquelas criaturas procurando comida. Me escondi em uma casa que estava perto - depois dos ataques, era normal que as pessoas saíssem de suas casas apressadamente, deixando tudo para trás e portas abertas (das quais eu sobrevivia). Encontrei poucas coisas, mas poderia aproveitar além do fato dessa casa ter chaves nas portas dos quartos.
Durante as horas iniciais do dia seguinte, fui às outras casas e achei algumas coisas interessante, um gatinho e armas. ARMAS! Finalmente!
Agora ficarei mais um pouco por aqui.

-Vem, gatinho...

Monstros - Cap 1

Eu estou só, ele sabe disso, ou ela. Aquilo! Uma criatura sombria mas não sabe onde estou e a única coisa que posso fazer é ficar quieta. Isso me seguiu por dias enquanto eu voltava da escola e observava quando eu estava dormindo, eu podia sentir.
Certa noite, gritos ecoaram por todos os lados e eu via pessoas correndo de criaturas como aquela que me perseguira, mas a minha havia sumido. Arrumei algumas roupas em uma mochila (sim, eu sempre tenho uma bolsa pronta para viajar) e fugi. Enquanto o mundo era tomado por essas criaturas e os vermes comiam a carne de quem eu amava, vivia em buracos e ruelas; roubando comida de onde conseguia e fugindo daquelas criaturas horrendas...
Elas eram enormes e assassinas. Não sou uma atleta; mas ,quando se trata de vida ou morte, correr é melhor que ter seu corpo dilacerado.
O mais triste foi deixar minha família para trás. Estavam todos mortos quando saí de meu quarto. Às vezes, penso se existe um porquê de eu não ter morrido também.
Agora estou aqui, em um barril de vinho (para segurar meu cheiro). A criatura lá fora me procurava não era a mesma dos meus trajetos da escola. Talvez eu morra aqui...
-Deixe-a em paz!- Uma voz grotesca ecoa e, logo após ela, um tiro.
Fico imóvel ouvindo os passos se afastando e o silêncio que domina o ambiente.

Olho por um espaço que havia entre a tampa e o barril e posso ver a criatura ferida e morta. Saí de lá e olhei mais de perto; era um tiro de sinalizador, a arma estava vazia perto do corpo. Peguei minhas coisas e algumas outras antes de sair daquele local. A voz grotesca e o tiro ainda ecoava em meus ouvidos enquanto corria até o próximo local para me esconder.

A casa - redigido em 15/06/2018

Ela acordou ao ouvir as tábuas sendo tiradas de sua porta e os passos apressados. Depois de tanto tempo presenciando os mais diversos tipos ...