Ele entrou no prédio, podia
perceber que era algo simples e os apartamentos eram pequenos. Somente um
elevador, decidiu ir de escada; só iria até o quinto andar, mas praguejou ao
chegar suado ao terceiro. Continuou subindo pelo elevador. Ao chegar na porta
do apartamento, pensava no passado, na amizade deles, no jeito fofo dela e de
como se afastaram. Hesitou, mas bateu na porta.
-Olá. Quem é você?- Uma
garotinha negra de seus quatro anos estava no outro lado da porta.
-Ah, acho que bati na porta
errada...
-Querida, quantas vezes já te
disse para não falar com estranhos?
-Desculpa, mamãe. - A menina
olhou para o chão claramente constrangida.
-Tudo bem. - Então ela olhou
para a pessoa na porta. - Mateus?- Ela girou a cabeça para a esquerda, como
sempre fazia antes.
-Oi, cheguei em uma hora ruim?
-Não, entre. - Eles sentaram
no sofá da sala. -Nossa, quanto tempo faz que não nos vemos? Cinco anos?
-Eu acho. -Ele suspirou. -Você
até já é mãe...
-É. Como estão as coisas?
-Bem, estou legal e está tudo
bem. Mas fui despejado semana passada.
-Poxa, você retornou para a
casa da sua mãe?
-Bem, acho que já vou, antes
que seu marido chegue; ele pode pensar besteira se nos ver assim.
-Marido?! -Ela riu. -Eu não
tenho marido.
-Mãe solteira?
-É. Natasha foi deixada em
minha porta dentro de uma caixa a alguns anos. -Essas palavras fizeram Mateus
cair no sofá novamente.
-E você a adotou?
-Sim. Estava na faculdade
ainda, mas já trabalhava. Minha mãe me ajudou muito enquanto vivi na casa dela,
e continua me ajudando. Me mudei para cá por querer mais espaço para minha
filha, já que mamãe montou uma mini agência de administração em casa; depois de
tanto tempo ela volta a trabalhar...
-Impressionante. E eu aqui
reclamando da minha vida.
-Não tenho do que reclamar,
somos felizes. Ah, a guarda dela é compartilhada; uma amiga minha se comoveu
com a história e decidiu ajudar. -Ele, pela primeira vez, reparou na menina.
Ela tinha cabelos encaracolados e olhos pretos enormes, estava com um rabo de
cavalo e vestido florido; "Bem fofa" pensou. Já a mãe tinha cabelos
castanhos longos e lisos, também rabo de cavalo; shorts e blusa sem manga;
estava linda, como sempre.
-Isso é incrível; você e
ela...- Ele sorriu.
-Sim, me conta como tem sido
sua vida.
-Ah,...- E, assim, eles
retomaram sua amizade.
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