-Romeu! - Gritei ao deixar que o rio tirasse o garoto dos meus braços. Eu já estava quase morta quando chegamos na beira do rio e, agora, isso.
Corri e nadei atrás dele naquilo que parecia ser lama e sangue. o menino se debatia enquanto gritava meu nome. Sabia que ele, assim como eu, sentia que as trevas estavam nos perseguindo novamente. Com as últimas forças que tinha, consegui alcançá-lo e o levei até a outra margem.
Me ajoelhei na terra molhada e chorei; eles vão pegá-lo novamente! Eu não aguento mais isso! Então ouvi um som incomum nesse mundo-o despertador estava me tirando daquele pesadelo.
Finalmente voltei; estava em minha cama novamente. contudo, algo estava errado, os calafrios vinham como um aviso. Levantei e olhei ao redor-tudo normal. Tomei café e fui para a sala ler algo. A campainha tocou e senti meu corpo estremecer completamente, pois eu sabia quem estava lá fora e que era uma péssima notícia.
Abri a porta lentamente e meu medo estava lá, em carne e osso; me olhando inocentemente e nada surpreso. Romeu.
-Oi! - Ele me abraçou e logo entrou em casa.
-Q...quem é você? - Tentei fingir que aquilo não estava acontecendo.
-Romeu, oras. - O garoto me olhou intrigado. -Você me deu esse nome, não lembra?
"Isso não está acontecendo. Isso não está acontecendo." Eu tentava me convencer de que nada daquilo era real.
-Claro que está acontecendo! Eu estou aqui! - Ele gritou com raiva e tristeza. As lágrimas escorreram pelo seu rosto. - Tia, você é a única que pode me ajudar.
Nesse momento, me joguei na cadeira mais próxima e o turbilhão de perguntas começou: Quem é esse garoto? O que ele quer? O que o está perseguindo? A culpa daquela piada tosca que os monstros fazem quando o levam é minha?
-Eu vim aqui pra...você sabe...corremos perigo.
-Perigo... - Repeti automaticamente.
-Sim. - Ele chegou bem perto de mim para sussurrar - As trevas estão atrás de nós dois.
-Não. Isso é loucura! Eu devo estar sonhando ainda...
-Não eram sonhos. Estávamos em outras dimensões. - Ele me olhava sério quando as luzes começaram a piscar. - Vamos! Estamos correndo perigo.
Romeu me puxou pela mão até o quarto e jogou minha mochila na cama.
-Vamos! Não temos muito tempo!
Instantaneamente joguei minha coisas mais básicas lá dentro e, logo depois, estávamos da garagem.
-Espera, e a minha família?
-Eles vão ficar bem. Temos que ir logo!
Entramos no carro, eu o liguei e saímos sem destino. "Depois eu mando uma mensagem pra eles." eu pensava "E agora? Onde vamos?"
-Uma lanchonete. estou com fome.
-Tá... - Só então me toquei - Você consegue ler meus pensamentos?!
-Sim.- Ele olhava a rua - Foi como você me conheceu e eu te treinei.
-Então, aqueles pesadelos?
-Sim.
-Tá... - Aquilo ainda parecia loucura demais pra mim.
-Você não está louca...eu estou aqui.
-Dá pra parar?!
-Desculpa, tia...
-E essa mania de me chamar de tia? - Disse, brincando.
-Mas você é mesmo minha tia...
-Ok. - Respirei fundo -Quando chegarmos à lanchonete você vai me contar tudo o que é isso.
-Não precisa. - Romeu me olhou nos olhos e, em um milésimo de segundos, tudo o que aquela criança viveu-de sorrisos a medos- estava em minha cabeça. Fiquei em choque por algum tempo e só depois pude entender o porquê de estarmos ali.
-Ok, Romeu. Vamos nessa!
O blog de uma pessoa que tenta se entender e entender a singularidade dos outros. Com uma postagem por semana tento passar aos meus leitores o que se passa em meus devaneios.
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A casa - redigido em 15/06/2018
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-
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