Eu lecionava durante as tardes
e ia embora cedo; contudo, certa sexta-feira tive que sair mais tarde por estar
elaborando festa da escola sobre o aniversário da mesma. Ri Ta estava sempre me
acompanhando; ela me considerava uma criança indefesa, mesmo sem saber do meu
passado. Talvez isso tenha acontecido por causa da família que ela teve de
deixar no interior do país.
-Vamos de metrô? - Perguntei
ao sairmos da escola.
-Que tal comer algo antes de
chegar em casa?
-Ah, sim. Minha barriga está
roncando.
-Tem um restaurante aqui
perto.
-Isso é bom. Vamos lá? - Eu
estava realmente com fome. Conversamos durante o lanche. Ela disse que eu
deveria sair mais e conhecer a cidade; concordei, mas disse que seria bom se
não fosse sozinha. Ri Ta concordou em sair comigo nos fins de semana.
Quando acabamos, passamos em
um supermercado para comprar alguns ingredientes para os doces e mais comida
para a casa. Depois fomos pegar o metrô.
Na estação, senti frio e vento
fortes e incomuns. Me vi sozinha, não mais naquela, mas em uma estação de trem
antiga. Um destes trens passou rapidamente e me fez cair por estar tão perto
dos trilhos. Ainda em choque, pude ver algo se mover perto de onde o trem havia
passado. Ouvi alguém chamando meu nome, uma voz estranha. Uma mão tocou meu
ombro e me tirou daquele pesadelo.
-Oi? Você está bem? - Ri Ta me
chamava. Voltei àquela estação de metrô.
-Sim. - Eu estava ofegante -
Só me lembrei de uma coisa.
- Tudo bem. Você pode me dizer
se não estiver OK. - Eu ainda estava assustada e nervosa, mas notei o tom
informal da moça (o que denunciava sua preocupação comigo).
-Eu estou vem, juro.
-Tá, vou acreditar em você. -
Ela sorriu e entramos no transporte público.
Naquele dia não ví Erick;
talvez ele estivesse trabalhando. Ri Ta dormiu em meu quarto e eu não tive
pesadelos, como vinha acontecendo nas noites anteriores. Era o mesmo em todas
as noites.
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