sábado, 24 de junho de 2017

Poder - Belém, 21 de junho de 2017


Eu sinto o poder
E o rejeito.

Forjada do fogo para o fogo,
Cada músculo treinado,
Fibras tecidas especialmente
Para esse tipo de poder.

Com o vestido branco
Andei por todo o trajeto,
Lutei cada batalha
Com todas as forças.

Mas as pessoas que me premiaram
Não pareciam tão dignas
E me fizeram pensar que também não era
Ao sujarem meu vestido.

Senti que iria me perder no pântano,
Aquele construído de lembranças mortas,
Mas não voltei,
Corri e me escondi.

Estava no meio do caminho
Quando me deparei com aquele animal,
Ele me acompanhou,
Mantendo minha sanidade.

O falso poder o tirou de mim
E fez dos meus amados
Montes de ossos corrompidos
No meio do quarto.

Senti uma pontada no peito
Era um ponto escuro,
Que ficava maior
A cada prêmio recebido.

Eu já não via o bem
E nada do que eu amava
Fazia sentido
Além do que eu achava ser real.

Foi nessa hora que eu me perdi,
Não queria mais nenhum poder,
Mas já tinha ido longe demais nesse trajeto
Comecei a correr de todas as formas de meu destino.

Corri pela floresta escura
E pelos vinhedos à luz do dia,
Mas acabei vindo parar nesse penhasco
Que sempre foi o lugar que eu deveria ir.

Agora estou olhando para baixo,
Posso ver o fogo queimar tão perto,
É como se me puxasse,
Então tem uma pessoa do outro lado.

Não consigo ver quem é,
Mas parece tão familiar…
Sinto uma mão me empurrando
Me desequilibro…
.
.
.
Sinto o ar no rosto
Isso já vai acabar
Vou bater de cara no chão e morrer…
.
.
.
.
Eu acordo com seu toque,
Tão suave e doce,
Um rosto desconhecido,
Mas posso sentir sua energia tão igual.
“Filha minha.”

sábado, 17 de junho de 2017

Natasha-Cap12

-Desculpa, mas não posso ficar com Natasha neste fim de semana. Meus filhos já são umas pestes que não me dão nenhum descanso.
-Tudo bem. Então vou remarcar essa viagem.
-Já que você vai ficar em casa, vou levar meus filhos aí pra ver tua pequena.
-Que?! Na..
-Ela vai adorar os novos amiguinhos. Bem, tenho que ir. Até mais.
“Mas que vad…”
-Mãe, estava com alguém no telefone?
-Sim, filha. Uma amiga do grupo de mães que acabou de se casar.
-Ah, que bom pra ela.
-Pena que não tão bom pra nós…-Érica resmungou, saindo da cozinha.
-A senhora não vai mais viajar?
-Não. E vamos ter a visita de alguns coleguinhas.
-Quem?
-Você não conhece. - Ela suspirou profundamente; as histórias que ela ouvia sobre as crianças não eram muito boas. -Filha, tenha paciência com eles, tá
-Tudo bem, mamãe.
No dia seguinte, a campainha da casa tocou cedo. Eram Helena e seus dois meninos. Érica só queria que um carro atropelasse aquela pessoa incompetente suas duas crias, como ela mesma os chamava. Mas agiu como se fosse a melhor coisa do mundo recebê-los. A mãe empurrou os pequenos porta adentro e saiu correndo.
-Bom dia, tia.
-Bom dia, meninos. Teremos o dia todo de folga. O que vocês querem fazer?
-COMER! - Eles gritaram em coro. -Saímos sem tomar café.
-Tudo bem, vamos para a cozinha. - Seu sorriso tenso mostrava grande parte de sua preocupação. -O que vocês querem comer?
-Não sei. - Disse o mais velho. O segundo se ateve a dar de ombros.
-OK. Então vamos de sucrilhos. - Os meninos ficaram boquiabertos. Natasha riu da reação deles.
-Vocês não comem sucrilhos?
-Mamãe não deixa. Diz que engorda e que não tem dinheiro.
“Ela é presidente da firma em que trabalha e não tem dinheiro para alimentar os próprios filhos?!’
Depois do café, foram se aprontar para ir a uma praça. Enquanto Natasha organizava a bolsinha de passeio com o necessário, os meninos brincavam com a cozinha de papelão que Érica fez para a filha.
-Que bacana, você tem uma cozinha só pra você!
-Tenho. Vocês não?
-Não.
-E como vocês vão aprender a cozinhar? - Os dois deram de ombros.
-E você tem vários filhos. -O menor apontou para as bonecas na cômoda. - Dá tempo de cuidar de todos?
-Sim. Mas eu só brinco depois da lição de casa.
-Que legal! Eu quero ajudar…- O mais velho disse meio envergonhado. -Eu sempre quis uma boneca dessas.
-Escolhe uma para ir passear com você hoje. -Natasha se perguntava o motivo deles não terem brinquedos assim. -Você também vai querer um bebê?
-Não. Eu gostei mais daquela moça lá em cima. - O menor apontava para a boneca da Mulher Maravilha. - Ela parece bem forte e vai ser uma boa parceira para o Superman na luta contra o mal.
-Eu também acho. -Érica estava na porta do quarto e ouvia tudo.
-O...Oi, tia. - O mais velho escondeu a boneca atrás de si.
-Quer uma ajuda com o sling?
-Sh o que?
-Sling. É um modo de carregar bebês. Vem, eu posso te ajudar. - Depois de ajudar este, entregou a Mulher Maravilha ao menor. -Vamos. Ah, eu ainda não sei seus nomes.
-O meu é Lucas e meu irmão é João. -Disse o mais novo.
-Nomes legais. Eu sou Érica e essa é minha filha, Natasha.
No carro, começou uma briga pelo que devia passar no DVD. A moça simplesmente desligou tudo e disse que, se fossem brigar por aquilo, é melhor que não o tivessem. Os meninos choraram uns cinco minutos, depois se conformaram. Então,ela colocou o filme de sua escolha e eles não brigaram mais.
Apesar de alguns olhares de julgamento e crítica de algumas pessoas, todos se divertiram bastante na praça e voltaram para casa para almoçar. Depois da macarronada, as crianças ficaram brincando na cozinha de papelão; achando aquilo o máximo, Érica tirava fotos e escrevia sobre aquilo. Era algo tão diferente do que ela pensou que seria. Cansativo sim, as dores nas costas não a deixavam mentir; mas tão prazeroso que fazia valer a pena.
Lucas acabou batendo o pé na parede, o que o fez sangrar bastante; e João rasgou a porta do fogão. Mas nada que não tivesse conserto.
No fim do dia, eles assistiram um filme. Up, o favorito dos garotos. Pipoca e suco de laranja acompanhando. Dormiram um pouco depois do filme começar. Mesmo sem tomar banho, Érica os colocou para dormir.
No dia seguinte, ela levou todos para a escola e foi trabalhar. Ao meio dia, recebeu uma ligação de Helena agradecendo e pedindo que ficasse com eles no próximo domingo novamente. Ela aceitou. 

domingo, 11 de junho de 2017

Dom Casmurro

 Eu te vejo ir
Como tantos outros,
Isso já se tornou rotina
E te pareces muito com eles.

A música já não é a mesma,
Agora ela tem a cor das folhas do teu caderno de desenho;
Aquela coisa velha
Que me dá rinite.

Os olhares desviados não desviam coisa alguma,
Nem as camufla;
Dá até dó de olhar
As lutas internas que matam milhões por segundo.

Mas nada vale mais a pena
Que não ter que ter isso
E não precisar se ferir
Ou sorrir de mentira.

Se bem que essa dor poderia simplesmente não existir;
Pois eu sinto sua falta
E nunca deixarei de sentir
Pensando que tudo poderia ter sido diferente.

Agora sou só
Uma coisa antiga,
Uma coisa querida,
Uma coisa quebrada.

sábado, 3 de junho de 2017

Natasha - Cap 11

Érica percebeu que a casa estava silenciosa demais e decidiu dar uma volta para ver o que a filha estava fazendo. Ao se aproximar do quarto, a Galinha Pintadinha tocava em alto e bom som. Abriu a porta devagar e viu Natasha dançando loucamente.
-Oi, mãe… - A menina disse encabulada.
-Ah não pare! Você estava dançando muito bem.
-Sério?!
-Sim.
-Que legal!
-Vá tomar seu banho para irmos à casa da sua avó. Ela está nos esperando.
-Tá ok. Só mais essa música.
Natasha começou a dançar novamente, mexendo a cabeça de um lado para o outro. Até que bateu na quina do guarda roupas. Érica correu para ver o ferimento que já sangrava.
-Eita...
-Que foi, mãe? Eu vou morrer?! - A menina dizia, já chorando.
-Não! Se acalme... - Ela colocou uma toalhinha onde sangrava. - Vamos para o hospital.
Já no carro, o google calculava a rota mais rápida enquanto Érica ligava para a mãe.
-Alô. Natasha bateu a cabeça e precisamos ir ao hospital. Vou te mandar a localização exata.
-Tudo bem. Vou arrumar umas coisas aqui e já encontro vocês.
-Vamos, mamãe! - A pequena gritava no banco de trás, desesperada.
-Já estamos indo. Calma.
Elas correram para a emergência, apesar de ter demorado algum tempo até serem atendidas. Logo encontraram a mãe de Érica. Depois de alguns exames e muito choro de Natasha, os médicos concluíram que não era grave e só precisaria de alguns pontos. Houve o procedimento cirúrgico e elas foram mandadas para a sala de repouso. A menina ficaria em observação.
-Mãe, a senhora pode ir. Obrigada por ter vindo.
-Não se preocupe comigo, minha filha. - Ela disse dando-lhe um abraço e fazendo a moça chorar.
-Eu fiquei com tanto medo…
-Está tudo bem agora, querida. Isso é normal. Eu também ficava com medo quando algo acontecia com você.
-Obrigada por vir.
-Tudo bem. Agora descanse. Vá dormir.
-E a senhora?
-Eu vou ficar bem.
-Obrigada, mãe. - Então ela se acomodou em uma poltrona e dormiu.

-Vai ficar tudo bem, minha filha. Você é forte.

A casa - redigido em 15/06/2018

Ela acordou ao ouvir as tábuas sendo tiradas de sua porta e os passos apressados. Depois de tanto tempo presenciando os mais diversos tipos ...