-Desculpa, mas não posso ficar com Natasha neste fim de semana. Meus filhos já são umas pestes que não me dão nenhum descanso.
-Tudo bem. Então vou remarcar essa viagem.
-Já que você vai ficar em casa, vou levar meus filhos aí pra ver tua pequena.
-Que?! Na..
-Ela vai adorar os novos amiguinhos. Bem, tenho que ir. Até mais.
“Mas que vad…”
-Mãe, estava com alguém no telefone?
-Sim, filha. Uma amiga do grupo de mães que acabou de se casar.
-Ah, que bom pra ela.
-Pena que não tão bom pra nós…-Érica resmungou, saindo da cozinha.
-A senhora não vai mais viajar?
-Não. E vamos ter a visita de alguns coleguinhas.
-Quem?
-Você não conhece. - Ela suspirou profundamente; as histórias que ela ouvia sobre as crianças não eram muito boas. -Filha, tenha paciência com eles, tá
-Tudo bem, mamãe.
No dia seguinte, a campainha da casa tocou cedo. Eram Helena e seus dois meninos. Érica só queria que um carro atropelasse aquela pessoa incompetente suas duas crias, como ela mesma os chamava. Mas agiu como se fosse a melhor coisa do mundo recebê-los. A mãe empurrou os pequenos porta adentro e saiu correndo.
-Bom dia, tia.
-Bom dia, meninos. Teremos o dia todo de folga. O que vocês querem fazer?
-COMER! - Eles gritaram em coro. -Saímos sem tomar café.
-Tudo bem, vamos para a cozinha. - Seu sorriso tenso mostrava grande parte de sua preocupação. -O que vocês querem comer?
-Não sei. - Disse o mais velho. O segundo se ateve a dar de ombros.
-OK. Então vamos de sucrilhos. - Os meninos ficaram boquiabertos. Natasha riu da reação deles.
-Vocês não comem sucrilhos?
-Mamãe não deixa. Diz que engorda e que não tem dinheiro.
“Ela é presidente da firma em que trabalha e não tem dinheiro para alimentar os próprios filhos?!’
Depois do café, foram se aprontar para ir a uma praça. Enquanto Natasha organizava a bolsinha de passeio com o necessário, os meninos brincavam com a cozinha de papelão que Érica fez para a filha.
-Que bacana, você tem uma cozinha só pra você!
-Tenho. Vocês não?
-Não.
-E como vocês vão aprender a cozinhar? - Os dois deram de ombros.
-E você tem vários filhos. -O menor apontou para as bonecas na cômoda. - Dá tempo de cuidar de todos?
-Sim. Mas eu só brinco depois da lição de casa.
-Que legal! Eu quero ajudar…- O mais velho disse meio envergonhado. -Eu sempre quis uma boneca dessas.
-Escolhe uma para ir passear com você hoje. -Natasha se perguntava o motivo deles não terem brinquedos assim. -Você também vai querer um bebê?
-Não. Eu gostei mais daquela moça lá em cima. - O menor apontava para a boneca da Mulher Maravilha. - Ela parece bem forte e vai ser uma boa parceira para o Superman na luta contra o mal.
-Eu também acho. -Érica estava na porta do quarto e ouvia tudo.
-O...Oi, tia. - O mais velho escondeu a boneca atrás de si.
-Quer uma ajuda com o sling?
-Sh o que?
-Sling. É um modo de carregar bebês. Vem, eu posso te ajudar. - Depois de ajudar este, entregou a Mulher Maravilha ao menor. -Vamos. Ah, eu ainda não sei seus nomes.
-O meu é Lucas e meu irmão é João. -Disse o mais novo.
-Nomes legais. Eu sou Érica e essa é minha filha, Natasha.
No carro, começou uma briga pelo que devia passar no DVD. A moça simplesmente desligou tudo e disse que, se fossem brigar por aquilo, é melhor que não o tivessem. Os meninos choraram uns cinco minutos, depois se conformaram. Então,ela colocou o filme de sua escolha e eles não brigaram mais.
Apesar de alguns olhares de julgamento e crítica de algumas pessoas, todos se divertiram bastante na praça e voltaram para casa para almoçar. Depois da macarronada, as crianças ficaram brincando na cozinha de papelão; achando aquilo o máximo, Érica tirava fotos e escrevia sobre aquilo. Era algo tão diferente do que ela pensou que seria. Cansativo sim, as dores nas costas não a deixavam mentir; mas tão prazeroso que fazia valer a pena.
Lucas acabou batendo o pé na parede, o que o fez sangrar bastante; e João rasgou a porta do fogão. Mas nada que não tivesse conserto.
No fim do dia, eles assistiram um filme. Up, o favorito dos garotos. Pipoca e suco de laranja acompanhando. Dormiram um pouco depois do filme começar. Mesmo sem tomar banho, Érica os colocou para dormir.
No dia seguinte, ela levou todos para a escola e foi trabalhar. Ao meio dia, recebeu uma ligação de Helena agradecendo e pedindo que ficasse com eles no próximo domingo novamente. Ela aceitou.
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