Quando eu tinha 3 anos meu pai morreu. Não tinha noção das coisas e meu pai não era bem uma figura paternal; ele costumava nos levar no shopping e ficar sentado no sofá. Porém, eu sentia falta dele. Dali em diante estava com minha mãe e minha irmã; os outros irmãos não eram presentes e uma parte deles não se interessava com meu bem estar-nem em saber se eu estava vivo.
Foram tempos difíceis e escassos. Com o dinheiro da pensão de meu pai conseguimos nos sustentar, mas muitas regalias foram cortadas. Eu aprendi a ter o mínimo e não gastar com coisas desnecessárias.
Consigo me lembrar de uma vez em que vi minha mãe chorando no quarto e fui lhe dar um abraço.
-Querido, não queria que me visse assim…
-Está tudo bem, mamãe?
-Não tenho dinheiro para o almoço de amanhã...mas creio que Deus há de prover.
-Vai ficar tudo bem, mamãe.
-Sim, querido...ore comigo.
-Vou chamar a mana pra orar também.
-Tudo bem. Vai lá, meu garoto.
Oramos todos juntos naquela noite e fui dormir confiante que tudo ficaria bem. No dia seguinte, a vizinha trouxe uma panela média com estrogonofe e uma vasilha cheia de arroz por ter errado a mão e iria estragar se ficasse tudo na casa dela. Agradecemos e comemos felizes da vida, sabendo que alguém cuidava de nós.
Nesta idade eu não tinha noção de quem eu era ou quem eu poderia me tornar. Mas de uma coisa eu sabia: eu não estava sozinho…
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