-Érica, essa menina não tem mais roupas… - A moça repetia para si mesma após colocar todas as blusas que tinha em Natasha - eram suas roupas provisórias. Só se passou uma semana e a pequena cresceu o suficiente para que as blusas menores não dessem mais.
-O que você acha de sairmos para fazer umas comprinhas? - Ela disse, já colocando o bebê sobre o tapete. Separou as peças que não usava mais e as colocou em uma bolsa antiga; então, pesquisaram se havia algum bazar ou brechó pelas redondezas. Acharam um e verificaram se estava aberto.
Ao chegarem, Érica percebeu que havia muito mais coisas para crianças do que se podia imaginar. Trocou quase todas as roupas por um desconto de 70% em suas compras e escolheu vários peças para a pequena. Então, seu celular tocou. Era a recepcionista do pediatra querendo confirmar a consulta daquele dia. A consulta que ela esqueceu completamente.
Rapidamente, a moça desmarcou o cinema com a mãe e foi para casa. Colocou todas as roupas compradas em um balde com sabão e foi tomar banho com Natasha. Enquanto se arrumava, a pequena sujou a fralda. Érica remexeu o saco no fundo do armário e percebeu que não havia mais nenhuma. Procurou desesperadamente dentro das bolsas até encontrar uma última. Sabendo que teria que comprar mais antes de ir ao médico, saiu apressada e sem almoçar. Passou em um Drive Tru e pediu um combo. “Isso já tá virando rotina. Por isso estou deste tamanho.”
Estacionou perto de uma farmácia e pegou um pacote de lencinhos umedecidos e fraldas. Voltou para o carro e encontrou um guarda observando Natasha pela janela.
-Você é a dona do veículo?
-Sim.
-Cuidado ao deixar bebês assim. Pode acontecer alguma coisa com eles.
-Eu só fui…
-Não quero saber. Não deixe mais. Mas tá liberada, por hora.
“Cara Imbecil. Quer ficar enchendo o saco de quem tá apressado…” Érica interrompeu a murmuração ao abrir o porta malas e se deparar com as compras que fizera na noite anterior - comida e coisas para bebê (inclusive fraldas). Quis se bater por aquilo. Como podia ser tão esquecida?! Não importava. Já estava atrasada. Pegou todas as coisas e as jogou no banco de trás.
-Boa tarde. A paciente se chama Natasha.
-Boa tarde. Sinto lhe informar que sua vez já passou.
-Moça, por favor. Eu não posso perder mais um dia de trabalho.
-Eu vou falar com o doutor. Te aviso se ele for lhe atender.
-Obrigada.
Érica sentou em um banco - desconfortável, por sinal. Repensou essa desorganização e percebeu que precisava melhorar.
-Natasha. - A recepcionista chamou e elas entraram. A pequena parecia bem, mas precisava de alguns exames para confirmar; então, foi passada uma bateria e elas deveriam retornar em um mês. Voltando, Érica passou novamente em um Drive Tru; pois sabia que não teria tempo de preparar o jantar. Pediu pra ela e sua mãe.
Chegando em casa, Érica foi guardar as compras e encontrou um bilhete da mãe na geladeira. “Não Venho almoçar, nem jantar. Esquente a comida no microondas.”. Contudo, ela decidiu comer o combo comprado anteriormente. Pensou que poderia terminar as coisas do trabalho logo; porém, percebeu o balde com as roupas de Natasha. Estavam todas manchadas. Uma das peças soltava tinta e não podia ser lavada junto com as outras.Da mesma forma, ela as tirou do sabão e colocou no amaciante com água; acabou o jantar e as estendeu.
A pequena começou a chorar descontroladamente, mas Érica já sabia que se tratava de cólicas. Deu o remédio que estava na receita e esperou o efeito. Enquanto isso, pegou um caderno e o organizou por semana; fazendo dele uma agenda. “Talvez as coisas mudem…”
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