sábado, 1 de abril de 2017

10 coisas para se fazer antes de partir - Um tempo com Júlio Verne

Depois de pensar bastante, comecei a bolar o plano mais audacioso que já pude. Peguei um mapa mundi, que estava guardado de meu tempo de escola, e o colei na parede. Com uma caneta permanente grifei os territórios de países que queria conhecer. Ao todo deram 11 países espalhados por todos os continentes.
Comecei a pesquisar formas de viajar, mas todas pareciam bem caras. Então me lembrei de uma história da faculdade; alguns amigos meus viajaram pela Europa gastando bem pouco com uma técnica chamada mochilão.
Pesquisei várias coisas sobre pessoas que iam a lugares distantes com o mínimo de coisas que  poderiam. Descobri que existem várias formas de economizar e, até, ganhar dinheiro nessas aventuras.
Uma semana de pesquisa foi o suficiente para ter contatos. Eu já tinha vários sites e telefones de empresas, lugares, amigos e familiares que poderiam me auxiliar. Decidi que não levaria ninguém comigo, pois não era justo que alguém interrompesse sua vida para tomar conta de mim nessa aventura.
Na semana seguinte contei aos meus familiares o roteiro que faria. Minha mãe quase tem um treco
Na segunda-feira comecei a organizar as roupas que levaria para minha primeira parada: Europa. Lá poderia ficar na casa de uma amiga que morava no interior; dali, iria passear pelos países de ônibus ou trem.
Na terça, fui a um brechó e troquei quase todas as minhas roupas que não estavam na mala por outras e saí com mais 50 reais. Isso acendeu uma luz em minha cabeça e organizei minhas coisas para vender ou doar; deixei somente cama, mesa e escrivaninha vazios no quarto. Nos dias seguintes, fui com meu irmão vender o máximo de caixas que pude. Doei todo o resto na sexta.
Durante os dois próximos meses, fiz várias baterias de exames e outros procedimentos médicos. O especialista foi contra a minha viagem, mas sabia que não podia fazer nada para melhorar a condição em que eu estava. Comprei todos os medicamentos da receita; mesmo que tenha me levado ⅕ das economias que gastaria nessa aventura.
Passou mais um mês para conseguir todos os documentos necessários e cartões para usar, mesmo indo de país em país. Outra coisa que demorou e me deu dor de cabeça foi o plano de saúde; quase impossível achar um que atenda em todo o planeta.
Minha ansiedade era tamanha que fazia cada dia parecer uma eternidade. Chegou a hora de reorganizar as malas, já que as roupas não poderiam ficar por tanto tempo lá dentro; a rapidez da lavadora e da secadora me deram autonomia para fazer isso só alguns dias antes de viajar.
E, como num piscar de olhos, eu já estava entrando no avião com minhas mochila e mala de mão (sim, eu levei tudo nessas duas); depois de fazer check in, pesar a bagagem, conferir passaporte, o voo ter sido adiado duas vezes e outros milhões de mini problemas que aconteceram.
Chorei quando me despedi da minha família e de medo dentro do avião. Olhei para minha cidade pela janela e percebi que todo o esforço valeu a pena e que o susto era passageiro comparado às coisas que iria descobrir. Relaxei e li um dos livros que trouxe de Júlio Verne; depois, dormi bastante.

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