Eu sinto cada músculo do meu corpo se esticar. Dói e arde. Mas isso só me deixa mais focada. Preciso ir além em cada um dos meus limites corporais. As aulas de flexibilidade me fazem ir pra casa com dor; porém, não é isso o que mais faz com que eu me sinta ruim. Estamos às vésperas de uma apresentação importante, o espetáculo de natal, e tenho um pressentimento ruim toda vez que penso nisso. Tenho até calafrios.
-Meninas, amanhã partiremos cedo. Preciso que todas estejam aqui cedo.
-Que horas?
-Quatro da manhã. - A professora suspirou, já dissera aquilo mais de quinze vezes. -Por favor, não se atrasem.
Fui para casa em paz. O trajeto foi bem mais tranquilo que o normal e o pôr do sol naquela tarde estava lindo. Dava até pra prever que algo ruim tinha que acontecer. Porém, eu andava sem medo; nem me preparei para o pior ou algo do tipo. Cheguei em casa, deitei na cama e logo caí no sono.
Acordei por volta de meia noite. Tudo escuro, exceto pelo corredor; a luz dele seguia por debaixo da porta. Me levantei devagar e saí de fininho do quarto. Preparei um sanduíche e liguei a televisão. O som alto do vizinho me incomodava e me deixava fora de mim. Voltei para o quarto e arrumei minha mala rapidamente. Descansei mais uma hora e saí.
Nenhum comentário:
Postar um comentário